História do LALIN

A ideia de criação de um espaço dedicado às questões de ensino e de aprendizagem das mais variadas linguagens surgiu de uma conversa informal entre professores do Departamento de Letras da UFOP, quando saíam da sua primeira Assembleia Departamental de 2020. Essa ideia foi abraçada pelas professoras Ada Brasileiro, Eliane Mourão e Ivanete Bernardino, que conduziram as discussões e os rascunhos iniciais. Não demorou muito, o processo foi impactado pela pandemia de Covid-19. Eram tempos de crise na saúde e na política, e as universidades sofriam perseguição. Apesar disso, o projeto se robusteceu; os encontros, que tiveram de ser remotos, a partir de então, passaram a contar com a participação de outros colegas: Anelise Dutra, Luiz Prazeres, Rivânia Trotta, Rodrigo Machado e Vanderlice Sól. Tínhamos, desse modo, uma construção coletiva inédita no Delet.

Entre todas as decisões tomadas no percurso dessa construção, merecem destaque aquelas que sintetizam o seu propósito, conferindo-lhe a visibilidade almejada. Trata-se do tipo de configuração acadêmica em que o projeto devia consistir, assim como seu nome e seu logotipo. O grupo entendeu que aquilo que estava projetando era, antes de mais nada, um laboratório, visto que devia concentrar atividades de natureza e amplitude as mais diversas, sempre colocadas sob o horizonte da experimentação. O termo laboratório traduzia de forma mais pertinente a intenção de abraçar novas aventuras no campo da investigação e da extensão, sempre com a disposição de rever rotas já delineadas e testar novos caminhos. Decidimos também que o objeto do laboratório deviam ser as linguagens, as diferentes formas de expressão humana, que se imbricam e encontram hoje novas condições de manifestação. Nesse sentido, o laboratório tem um caráter eminentemente interdisciplinar ou transdisciplinar, exigindo o diálogo entre seus participantes, a parceria, a colaboração mútua. Chegamos à expressão laboratório de linguagens.

O nome estava, assim, praticamente definido. Faltava acrescentar à expressão o tipo de atividade desenvolvido e as áreas de conhecimento que, distinguindo o trabalho de todos nós, deveriam, invariavelmente, constituir um lastro para o trabalho com as linguagens. Nesses casos, não havia muita margem para polêmica, o acordo era imediato. A questão era como distribuir as palavras de forma adequada, alcançando um resultado satisfatório do ponto de vista do sentido e da sonoridade. Depois de algumas tentativas, surgiu o nome inteiro e sua sigla: Laboratório de linguagens: pesquisa e extensão em ensino e aprendizagem – Lalin. Conforme ficou definido no Artigo 1º do Regimento Interno, o Lalin é “um espaço institucional que se caracteriza por abrigar e promover iniciativas de pesquisa e extensão nas áreas do ensino e da aprendizagem de linguagens, congregando diferentes sujeitos e organizações tanto do meio acadêmico como das comunidades externas a ele”.

Na sequência, o esforço concentrou-se na construção de uma identidade visual que se unisse ao nome, representando o Lalin em todos os aspectos. A curva de moébius foi uma referência importante para a criação do logo, com alças flexíveis que se articulam, sem início ou fim, e que, entrelaçadas, harmonizam-se com delicadeza, formando algo semelhante a uma flor. Temos aí o caráter interdisciplinar, o propósito de parceria e diálogo, o movimento que caracteriza a busca do outro (a pessoa e o conhecimento), a qual desafia convenções. E os sentidos não terminam necessariamente aí. Nossos parceiros, aqueles que nos acompanham e nós mesmos podemos sempre encontrar uma nova dobra de significado na logo, no nome, no trabalho que realizamos, nas linguagens que tomamos como objeto, no mundo infinitamente complexo da educação. Você que nos lê está convidado a trazer sua contribuição.

Tendo definido esses diversos aspectos constitutivos da identidade do Lalin e elaborado o seu projeto e o seu regimento interno, restou-nos uma última e importante decisão, relativa ao estatuto do Laboratório na UFOP. Embora, nesse momento de origem, todos nós estivéssemos vinculados ao Delet, entendemos que o Lalin devia ser um órgão do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS) da UFOP. Desse modo, nosso desejo de congregação de pessoas, de grupos, de instituições começaria a se realizar como uma chamada ao diálogo entre departamentos, cursos e setores do Instituto, em que predominam os cursos de licenciatura. Com essa compreensão, submetemos o projeto e o regimento interno ao Conselho Departamental (hoje, Conselho de Unidade) do ICHS, que os aprovou em 16 de dezembro de 2020. Por sua vez, o reconhecimento do Lalin como um órgão do Instituto veio com a Resolução 924.

Em 18/03/2021, realizou-se a 1ª Assembleia do Lalin. Nela, estavam presentes os professores Ada Brasileiro, Ana Paula Bovo, Anderson Freitas, Anelise Dutra, Dayse Miranda, Eliane Mourão, Fernando Lima, Luiz Prazeres, Rodrigo Machado, Vanderlice Sól e Viviane Pimenta, membros fundadores do Lalin. Essa assembleia elegeu Ada Brasileiro e Eliane Mourão, respectivamente, como coordenadora e vice-coordenadora do Laboratório.

Para cumprir com o objetivo para o qual foi criado, logo na primeira chamada, o Laboratório de Linguagens abraçou 15 projetos de ensino, pesquisa e extensão, bem como várias instituições de ensino de educação básica e ensino superior: a 25ª Superintendência Regional de Educação de Ouro Preto, as secretarias municipais de educação de Ouro Preto e de Mariana, a Universidade Federal de Ouro Preto, a Universidade Federal de Minas Gerais, a Universidade do Estado de Minas Gerais, seis escolas estaduais, além de representantes das redes municipais de Ouro Preto, Ouro Branco, Mariana, Contagem e Belo Horizonte.

Constituiu-se, assim, um grupo forte de professores de todos os níveis educacionais, pesquisadores, graduandos, pós-graduandos e gestores, determinado a apresentar sua contribuição para uma educação de qualidade e gratuita. Seminários, rodas de conversa, oficinas, palestras, projetos, pesquisas, jornadas, apresentações culturais, produção de material didático, inúmeros encontros e saberes são partilhados entre os que se interessam em ensinar e aprender linguagens, tendo como ponto de partida a realidade local. É o sonho de outrora mostrando-se como realidade possível e pujante.

Texto elaborado por Ada Brasileiro e Eliane Mourão em março de 2024.